09 setembro 2023

Rio Grande do Sul – Rodeio dos ventos - Águas de setembro Primeiras impressões

Tarde de Domingo, 3 de setembro. Rio Taquari mostra-se inchado, ocupando suas margens. Lajeado, cidade de 93 mil habitantes numa área metropolitana de 380 mil pessoas.

Dias de tensão. Noite de medo. Águas que não davam trégua. 

Parecia que era mais do mesmo. Mas não. Acabou sendo a maior tragédia da cidade e da região. O Rio Taquari subiu 30 metros. É um edifício de 12 andares!!

Passadas as águas, num saldo de mais de 40 pessoas mortas ou desaparecidas em todos os municípios afetados, vem o momento dos necessários rescaldo, limpeza, separação dos entulhos e, a análise da amplitude dos danos.

Nossa família, impactada diretamente, se une mais uma vez para dar suporte, principalmente, psicológico para os que perderam quase tudo que era material.

A tragédia, o desafio, a dor e as perdas são objeto de minhas reflexões existenciais. Mexem com meus sentimentos, especialmente por não poder estar junto. Mas aliviado pelo que vejo de solidariedade.

Essa é a palavra. Solidariedade.

Tão logo as pessoas foram sendo resgatadas e acolhidas em área segura da cidade, uma multidão de voluntários, famílias , empresas, entidades foram trazendo roupas, cobertores, comida, água potável, medicamentos e, sobretudo, uma mão que acariciava, um ombro que amparava, um sorriso que acolhia. Um alento para refazer ou retomar suas vidas com uma certa normalidade.

São muitas as tragédias. Mas um só sentimento ainda une as pessoas: levantar a cabeça, retomar a vida, reconstruir o que o rio levou, sabendo que foi um preço muito alto por termos ocupado sua área.

Almas bondosas de tão longe se movimentam e organizam vaquinhas. Mais que o valor, marca muito sua preocupação e carinho pela situação de desconhecidos.

Precisamos disso. Precisamos valorizar nossa condição de filhos e filhas do mesmo Deus, Pai, Criador e cuidador afetuoso, tenha o nome que cada um queira dar. 

Escrevo esse texto lembrando da festa que celebramos hoje que é a Natividade de Maria, mãe de nosso Jesus Cristo. Ela, mais do que ninguém foi a Acolhedora, por excelência. Sempre à disposição. Sempre atenta. 

Estou muito sensível com o que estou vivendo. Mas imensamente feliz, repito, imensamente feliz por reconhecer que vencemos quatro anos de barbaridades e negação da humanidade fraterna, demonstrando, nessa hora, o quanto nos importa as outras pessoas , conhecidas ou não.

O restauro das coisas e das vidas está recém começando. 

Mas será justamente isso que pode nos manter unidos.

Obrigado às pessoas que estão ajudando. E são muitas. E são lindas.

Porque colocaram seus corações nisso. Afinal, é o que importa.

Curitiba, PR, 8 de setembro de 2023

28 julho 2023

Consumo de carne e ecologia

 

Consumo de proteína animal e a ecologia

José Antonio Ramalho Forni

28/07/2023

Este não é um artigo de nutricionismo nem de ecologia. Mas tangencia a ambos.

Quando se fala em consumo de carne e, especialmente sua versão em assados, imediatamente nos vem à memória o hábito gaúcho de um espeto chiando na brasa. Ou, para outras partes do Brasil, uma grelha abarrotada de nacos suculentos.

Movido pela tradição e por uma campanha midiática robusta, o consumo de carne tem aumentado consideravelmente, apesar do preço ter se mantido alto.

O consumo de carne está tão enraizado na nossa cultura que, à primeira vista, pode parecer impossível dispensá-la da alimentação. Na verdade, herdamos hábitos não questionados há séculos.

Entretanto, para além das considerações financeiras,  ou de valor nutritivo e danos à saúde humana (nem vou considerar à saúde do animal, que morreu.)etc, etc, quero me focar nas implicações ao meio ambiente, na produção de um quilo de carne animal.

Uma olhada no gráfico ao lado nos dá uma ideia, ainda que seccionada, do que estou falando.

Existem muitos estudos comparativos entre a oferta proteica proveniente de vegetais e animais e suas implicações na tal "pegada ecológica" que dão conta da enorme diferença dessas escolhas e nos remete à responsabilidade por tomá-las.

Grosso modo, não precisaríamos ter uma alimentação saudável baseando na carne animal como fonte de proteínas. Até porque, proteínas não são a única necessidade humana de alimento.

Ademais, vem sendo cada vez mais difundia a ideia que esse alimento pode estar contribuindo, sobremaneira, no surgimento de casos de câncer.

A pesquisa intitulada “Multiple health and environmental impacts of foods” em tradução livre "Múltiplos impactos na saúde e no meio ambiente dos alimentos", (que pode ser acessada em https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.1906908116) e realizada por David Tillman, Jason Hill, Marco Springmann e Michael A. Clark, destaca que uma porção de 50 gramas de carne vermelha, por exemplo, está associada a 20 vezes mais emissões de gases do efeito estufa e, dependendo do sistema de produção, até 100 vezes mais uso da terra do que uma porção de 100 gramas de vegetais.

O mesmo estudo aponta que alimentos associados a mais ganho em saúde e qualidade de vida – como grãos integrais, cereais, frutas, legumes, oleaginosas e leguminosas – têm impactos ambientais muito mais baixos em comparação com a produção de alimentos de origem animal que já tiveram seus malefícios comprovados há anos – como por exemplo a carne processada.

Não estou a defender que de forma simplória o mundo se convertesse ao vegetarianismo. Mas seguramente as pessoas que consomem proteínas animais o fazem muito acima de suas necessidades.

Daí vem minha recomendação que se reduza paulatinamente o consumo de carne para digamos, três vezes por semana, passando para duas ou até uma ou semana sim, semana não. Uma dica simples para escolha na refeição é observar a diversidade de seu colorido e texturas.

De toda sorte deve fazer um acompanhamento com profissional adequado para essa transição.

Por fim, deixar de contribui na produção de gases de efeito estufa simplesmente ao remodular sua alimentação é de eficácia robusta e requer pouco esforço.

E com criatividade, viajar por incomparáveis opções de cores e sabores.....

"Namastchê" !!...

06 outubro 2021

Remexendo

Viro o rosto para a situação que me provoca e me faz pensar...então não penso...vou levando. E enrijecendo as paredes da afetuosidade.

Então, me vejo Jonas, acolhendo a fala de Deus mas se negando a aceitar Sua determinação/pedido/desafio ...

Jonas se constrange porque repetiu a mesma fraqueza histórica.Mas que também foi sua prova de humanidade.

Pedro, muito tempo depois faria o mesmo, negando o Mestre.

Recolho-me a afazeres de restauro de livros que, se não são vitais agora, são preparatórios para habilidades futuras. E remexendo em coisas da minha história, encontro a Graça divina transformada em testemunhos. São muitos. Mas alguns se encarregam de fazer brotar este questionamento.

Onde estou e o que sou agora?

Quais projetos de ser, de fazer, de compartilhar se gestava em meu coração nesses tempos cronologicamente passados mas que retornam com tanta força neste momento em que meus olhos revisam cartões, fotos, bilhetes e reflexões de amores que meu coração nutriu?

Quais dores foram sentidas e que remetiam a Tanathos mas que atravessadas pela vontade de Eros acolheram-se na minha existência?

Será que elas ainda tem capacidade geradora? E quais seus efeitos?

Por que me deixei? Certo que não de todo. Será que não acomodei confortavelmente aquele lá? No passado. Na história? E agora, digitando vejo que certas coisas, certos amadurecimentos precisam do conselho do tempo. Estradas vivenciais que precisam se cruzar para dar sentido.

Não é diferente comigo. E por que seria? Sou tão humano. Tão incompleto.

E tão cheio de possibilidades que seria desperdício com a Graça fugir ao escutar.....

Por momentos fico revendo essas falas escritas e desenhadas, que ecoam com fundo musical diferente, já que amadurecidas pelo tempo, pelos convívios e pela presença sutil da “Voz do Espírito”, texto que minha amada eternizou no papel.

“A vida é um facho luminoso de Deus que precisa espalhar-se por onde passar porque, senão, trai sua própria origem, que é criação-doação.Viver sem amar, sem fazer o bem, sem iluminar, é negar (se) a Deus. O amor, força divina, materializa-se no movimento humano, como necessidade de aproximação. Convida ao envolvimento e à reciprocidade, na alteridade.”

 Escuto passos, e meu desafio mais recente se faz presente. Sou eu quem deve ser protagonista?

Quais esperas, espero?

E uma frase-oração escrita em 2000 me desperta um pouco mais, “Que Deus nos permita a graça de compartilharmos por muitos e muitos anos do amor entre nós e para com todos que estiverem a nossa volta”.

 Por onde (re)começar?

Acolhendo o desafio e me deixando envolver pela Graça?

Mas é claro!A resposta é tão imediata e tão óbvia que meus olhos procuram a distância que minha janela comporta, para chorar.

 

  

Voltar a si

Precisamos rir....

Brincar na lama, de pés descalços...buscando encontrar uma criança que está aí dentro mas que...

...parece que nos envolvemos demais com a "vida" adulta...

Não sei...são palavras que meu coração está articulando...

Ou pelo menos uma que vá ao encontro de nos mesmos...

Somos um todo integrado...passado...presente e futuro...

Quando parte desse todo não sintoniza harmoniosamente...as conexões pessoais ficam prejudicadas...

Então é necessário, antes de tudo, buscarmos esse resgate pessoal. O de sintonizarmos nosso passado, seja das relações com as pessoas que deveriam ser próximas... dos sentimentos por elas, vivas ou mortas, com nossa construção hoje, do dia de amanhã....

Tenho repensado meu eu histórico...

...muitas coisas se remexem... Outras se confirmam...por outras cores.

Caminhos que se refazem. Emoções que se reorganizam...

Nessa estrada, nenhum acompanhante pode ou deve ser desprezado...cada qual tem seus significados...

O champagne pode amortecer a consciência...o ofurô, relaxar o corpo, inebriar com o saudável calor.... mas é o início da caminhada, com seus caminhos a descobrir, com o orvalho a sentir, que nos mantém vivos e esperançosos...

Acho que aí se encaixa o stress....

Início de caminhada...

Tento recolher agora, com palavras, as gotas da manteiga que insistem em se derramar na mesa...

Mesmo que não possamos ter alguém temos obrigação de nos ter a nos mesmos....

Assim, mesmo com alguém ao nosso lado, se eu não me amar, me gostar, nada adianta....vou continuar me sentindo só...

Em um momento há algum tempo eu falava sobre isso, tendo em foco essa relação....

Isso segue a linha de pensamento do sonho...

Das idéias.

Não são nada, enquanto não colocadas a serem realizadas...

Portanto, permitem que se navegue por elas...de baixo para cima. De um lado para outro...

Idéias.... 

26 agosto 2021

Chomsky e as manipulações

Noam Chomsky, um dos mais importantes intelectuais da vida hoje, elaborou a lista das 10 estratégias de manipulação através dos meios de comunicação social.
Dedique 5 minutos e não se arrependa.
Não fosse mais nada para ampliar seus conhecimentos.
1-A estratégia de distração
O elemento primordial do controle social é a estratégia de distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, através da técnica de dilúvio ou inundações de contínuas distrações e informações insignificantes.
A estratégia de distração é também indispensável para impedir o público de se interessar pelos conhecimentos essenciais na área da ciência, economia, psicologia, neurobiologia e cibernética. Mantendo a atenção do público desviado dos verdadeiros problemas sociais, presa por temas sem importância real.
Mantendo o público ocupado, ocupado, ocupada, sem tempo para pensar, de volta à fazenda como os outros animais (mencionado no texto ′′ Armas silenciosas para guerras tranquilas ′′).
2-Criar problemas e depois oferecer as soluções.
Este método também é chamado de ′′ problema-reação-solução ". Cria-se um problema, uma ′′ situação ′′ prevista para causar uma certa reação por parte do público, com o objetivo de ser esse o mandante das medidas que se querem fazer aceitar. Por exemplo: deixar que a violência urbana se espalhe ou se intensifique ou organize atentados sangrentos, com o objetivo de que o público seja quem exige leis de segurança e políticas em detrimento da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário a retrocessão dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
3-A estratégia da gradualidade.
Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente a conta-gotas por anos consecutivos. É assim que as condições socioeconómicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas dos anos 80 e 90: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que não garantem mais rendimentos dignos , tantas mudanças que teriam causado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma vez.
4-A estratégia do adiamento.
Outra forma de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como ′′ dolorosa e necessária ", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é o empregado imediatamente. Segundo, porque o público, a massa, tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que ′′ tudo vai melhorar amanhã ′′ e que o sacrifício exigido poderia ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para se acostumar com a ideia da mudança e aceitá-la resignado quando chegar a hora.
5-Dirija-se ao público como às crianças.
A maior parte da propaganda direta ao grande público, usa discursos, tópicos, personagens e uma entonação especialmente infantil, muitas vezes perto da fraqueza, como se o espectador fosse uma criatura de poucos anos ou um idiota mental. Quando mais se tenta enganar o telespectador, mais tende a usar um tom infantil. Por quê? ′′ Se alguém se dirigir a uma pessoa como se tivesse 12 anos ou menos, então, com base na sugestà bilità à bilitào, ela tenderá, provavelmente, a uma resposta ou reação mesmo desprovida de senso crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos ′′ (ver ′′ Armas silenciosas para guerras tranquilas ′′).
6-Use a aparência emocional muito mais do que reflexão.
Aproveitem a emoção é uma técnica clássica para provocar um curto circuito em uma análise racional e, finalmente, o senso crítico do indivíduo. Além disso, o uso do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e receios, compulsões ou induzir comportamentos.
7-Mantenha o público na ignorância e mediocridade.
Fazendo com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e métodos usados para o seu controle e escravidão.
′′ A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de modo a que a distância da ignorância que planeja entre as classes inferiores e as classes superiores seja e continue impossível de preencher pelas classes mais baixas ".
8-Estimule o público a ser complacente com a mediocridade.
Impulsione o público a acreditar que é moda ser estúpido, vulgar e ignorante...
9-Fortalecer a auto-culpa.
Fazendo o indivíduo acreditar que ele é apenas o culpado da sua desgraça, por causa da sua inteligência insuficiente, capacidade ou esforço. Então, em vez de se revoltar contra o sistema econômico, o indivíduo se auto desvaloriza e se culpa, o que cria um estado depressivo, um dos quais é a inibição da sua ação. E sem ação não há revolução!
10-Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.
Nos últimos 50 anos, os rápidos avanços científicos geraram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e os detidos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, a neurobiologia e a psicologia aplicada, o ′′ sistema ′′ tem um conhecimento avançado do ser humano, tanto na sua forma física quanto psíquica. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele próprio se conhece. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que aquele que o próprio indivíduo exerce sobre si mesmo.

13 agosto 2021

Tributo a Van Gogh

 

Fiquei impressionado e comovido após assistir o filme de animação "Com amor, Van Gogh" (Loving Vincent-2017) com direção de Dorota Kobiela, Hugh Welchman, que recebeu o Oscar de melhor filme de animação de 2018.

Mas não por isso. Pela delicadeza, excepcional investimento pois é um filme inteiramente pintado a mão. Uma obra imperdível, que deixo o linck do trailer abaixo, disponível pela NETFLIX.

Um ano após o suicídio de Vincent Van Gogh, Armand Roulin encontra uma carta escrita pelo pintor e enviada ao irmão Theo, que jamais chegou ao seu destino. Decidido a entregar ele mesmo a correspondência, Armand parte para a cidade francesa de Arles na esperança de encontrar algum contato com a família do artista falecido.

Eu já tinha marejado olhos com uma apresentação do Power Point recebida a alguns anos. Com a emocionante voz de Don McLean, fiz um pequeno filme, que compartilho aqui.       https://youtu.be/Knf4lpmtVxQ

Créditos no final do vídeo

Ou, se quiser ver o trailer do filme de que falo, aqui:

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-241757/trailer-19557147/

10 agosto 2021

Cores e amores

 

Cores e amores

 É muito comum admirarmos as cores e delicadezas das flores que se desabrocham nas manhãs de primavera.

São inspirações para nossos sonhos de construções. São símbolos do recomeço e da alegria dos encontros. Flores que, na sua natureza intrínseca, são alimento para diversos seres.

Cores e aromas que são atrativos. Parceiras do sol, se completam ao receber de seus  visitantes a polinização imprescindível.

Mas existem flores que só desabrocham à noite. Na escuridão elas se mostram. Elas nos surpreendem porque somos seres diurnos.

Vejam a Dama-da-noite. Logo ao anoitecer ela se abre maravilhosa. Sua semelhante à uma estrela é sugestiva. Entretanto seu perfume, atrativo para a natureza é sua arma secreta. E dura somente uma noite. Apo raiar do sol ela se entrega, humilde, às exuberâncias de suas parceiras diurnas.

Uma outra originária da América Central, a Flor-da-noite, um tipo de cactus, mostra sua identidade ao anoitecer. E nos oferece seu fruto, a Pitaya, ou fruta-do-dragão, especialmente exótica e saborosa.

O que a vida nos pede? A beleza das flores diurnas? Ou a humildade maravilhosa destas noturnas expressões de beleza?

Ambas se enchem da missão de servir. Acolhem os insetos e outros seres polinizadores. Entregam-se como instrumentos da criação. Doam seu néctar. Em troca, recebem a vida.

E nos desafiam a refletir nas nossas missões e suas amplitudes. Mesmo a tarefa de uma minúscula formiga é importante para a natureza. E ela a faz bem.

E nós? Como estão nossas tarefas mais simples?

08 agosto 2021

 Essa história de celebrar o "Dia dos Pais" com aquele discurso de que "tem mãe que é PÃE", de que foi mãe e pai, etc. etc. para minha percepção de modelos sociais, de geradores de emotividades, não cola.

Definitivamente não posso aceitar que uma indiscutível importância da existência (e presença amorosa) paterna seja maculada com uma narrativa diversionista como essa. A exemplo do texto bíblico sobre a condenação ou não de Sodoma e Gomorra (Gn 18, 32) somos muitos pais que assumem integralmente essa graça. Muito mais do que tarefa. Muito mais do que "padecer num paraíso". Somos os que fazemos da tarefa uma santa relação. E, como humanos imperfeitos, errando e acertando diuturnamente. Penso que já é enorme. Sem comparações com outras. Porque é única e insubstituível. Nem "pãe", nem "mai". Só. E tudo.

06 agosto 2021

Escrever on line

 Um blog, ou outra forma de compartilhar textos virtualmente, é como amigo sincero. Passa um tempo, qualquer tempo e quando a gente se encontra, é festa outra vez.

Amor, em suas diversas formas, não submete-se ao tempo. Ele é o tempo.

E, assim sendo, se refaz. A amizade segue essa lógica, ainda que eu entenda que o amor não precisa de lógica. 

Então, vamos?



03 novembro 2020

Continuar ser criança

 

“O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer.” Clarice Lispector

 

Parafraseando Clarice Lispector me pergunto: onde deixei minha infância? E por que temos de deixá-la, assumindo uma identidade mais fria? Nossos olhares naquela idade eram mais doces. Certo que deslumbrados com as novidades. Mas tomados de assombro pelas cores, pelos tamanhos, por sua gravidade na existência junto a nós. O mundo nos disse para “amadurecer”. E fizemos errado. Pois os frutos quando amadurecem geralmente se tornam mais doces. Mais apetitosos. E nós? Entramos em formas. Seguimos regras que nos (des) entortam. Por que deixamos de ser crianças e perdemos sua graça e beleza? O próprio Mestre dos mestres orientou: “Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mateus 18, 3)

Celebrando A Mãe Aparecida e essa criança que insiste em me dizer para ser bom, aproveito para reafirmar: NENHUM DIREITO A MENOS! FORA COISO!!

14 setembro 2020

Crise hídrica em Curitiba

 

Entre os anos de 2014 e 2016 a região metropolitana de S.Paulo sofreu uma crise hídrica sem precedentes na região. Falta de água, racionamento, falta de transparência do governo do Estado e preocupação demasiada à população. O assunto foi amplamente divulgado nos meios de comunicação de massa.

Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_h%C3%ADdrica_no_estado_de_S%C3%A3o_Paulo_em_2014%E2%80%932016

 Entre uma miríade de opiniões, científicas, sociais e políticas chamava a atenção uma questão que envolvia um agente distante: a Floresta Amazônica mas especialmente um dado não muito conhecido que são seus "rios aéreos ou voadores". A matéria pode ser conferida em http://riosvoadores.com.br/o-projeto/fenomeno-dos-rios-voadores/ 

Ilustração: Tom Bojarczuk. Disponível em arvoresertecnologico.tumblr.com/post/148150122882/os-rios-voadores-ligam-os-ventos-al%C3%ADsios

 

 Fonte: Projeto Rios Voadores - http://riosvoadores.com.br/o-projeto/fenomeno-dos-rios-voadores/

 Em 2020, a Região Metropolitana de Curitiba, também conhecida como Grande Curitiba, que reúne 29 municípios do estado do Paraná em relativo processo de conurbação, com população estimada em 3.572.326 habitantes (estimativa IBGE-2017), enfrenta problema semelhante àquele evento paulista.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Metropolitana_de_Curitiba

Segundo o IBGE, a taxa anual de crescimento da Região Metropolitana é de 3,02 % - superior, portanto, à média de 1,53% ao ano verificada nos demais centros urbanos do País o que também justifica acender o alerta para as consequências futuras advindas do processo de privatização da companhia de águas e esgotos , a Sanepar no tocante ao volume de investimentos em captação e tratamento de água para uso doméstico.

Para ampliar a preocupação, enfrentamos um processo cada vez mais radical e amplo de devastação dos biomas do Pantanal e da Amazônia como nunca visto antes. Em 14 de setembro de 2020 a fumaça das queimadas naquelas regiões foi testemunhada em Curitiba. Ver em https://globoplay.globo.com/v/8854281/

Já é bastante clara a modificação dos regimes de frio na capital paranaense e se assim continuar, brevemente o regime de chuvas sofrerá brutal decréscimo como sugerem as queimadas e a inoperância da concessionária de águas e saneamento.

Não podemos deixar que a situação atinja níveis desastrosos para se tomar medidas para resolver o problema.

Se de um lado é imprescindível ações de governo para obrigar a companhia cumprir os termos da concessão, de outro, além da pressão popular para as ações do Governo do estado, individualmente é urgente a mudança de certos hábitos. Tais como: a) o aumento da capacidade dos reservatórios pluviais nas economias que assim permitirem. Em Curitiba há um ordenamento para isso com o Decreto Nº 293/2006 que regulamenta a Lei nº 10.785/03 e dispõe sobre os critérios do uso e conservação racional da água nas edificações e dá outras providências.

b) a otimização de lavagem de roupas com o reaproveitamento das águas. Algumas máquinas dispõe de dispositivo para isso.

c) Otimização do número e tempo de banhos;

d) Limpeza de calçadas, passeios, grades, etc com a água captada das chuvas;

e) redução das descargas sanitárias ou reestruturação com águas pluviais;

f) reutilização das águas servidas ou de reúso para descargas higiênicas (pode ver em https://fluxoconsultoria.poli.ufrj.br/blog/energia-e-sustentabilidade/reaproveitamento-de-agua/

ou em  http://congressos.ifal.edu.br/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/viewFile/26/105

g) Conhecimento do potencial hídrico de sua região, em http://files.engenharia-ambiental.webnode.com/200000018-0859409533/%C3%81gua%20de%20Chuva.pdf

h) Otimização da cocção de alimentos para que se alicerce hábitos de economia;

i) Reeducação e fiscalização na lavagem de carros e similares contribuindo para o conhecimento e ações coletivas, entre outras medidas antecipatórias.

É muito importante a conscientização e ações combinadas da sociedade.

Para governos neo-liberais a água e ambiente são mercadorias.

Não é o que acredito e luto.

12 julho 2020

As lutas da ecologia e a perspectiva cristã


Cada vez mais se torna importante saber e articular as lutas da ecologia com a perspectiva cristã sobre o assunto, desde sempre manifestada pela máxima do amor ao próximo.
O Papa Francisco assume o protagonismo mais atual nesse sentido ao editar a encíclica "Laudato Sí", atualizando o conceito de "casa comum".
A analogia do planeta terra à uma nave espacial também ajuda a entender a urgência em revermos nossa "produção de restos" que é  que se tornou nossa economia do consumo desenfreado. A partir daí pode se pensar em obter um planeta mais sustentável com todas as medidas e cuidados tão alardeados pelos que assumiram a defesa do meio ambiente e da vida.
Não existem uma cronologia das importâncias. São lutas e demandas importantes demais para esperarem umas às outras.
A fome, por exemplo. O santo padre já denunciava que "Não há razão para se ter tanta miséria. Precisamos construir novos caminhos[...] Calcula-se que cerca de cinco milhões de crianças abaixo dos 5 anos morrerão este ano por conta da fome. Outras 250 milhões (Isso mesmo: 250 milhões) não receberão uma educação por falta de recursos, por causa das guerras e das migrações"(Vatican News, fev 2020)
Já o economista e mestre em políticas públicas José de Almeida Júnior, colunista da revista Família Cristã, diz que segundo a FAO, organismo da ONU que lidera esforços para a erradicação da fome e combate à pobreza no mundo, estima que o planeta produz alimentos suficientes para 11 bilhões de pessoas. A população da terra é estimada em 7,6 bilhões de seres humanos, entretanto mais de um bilhão passam fome ou não tem acesso ao mínimo de alimentos diários.
Isso não é acidente. Isso não é natural nem divino. É construção humana.
"Não existe um determinismo que nos condene à iniquidade universal." Alerta o papa (Vatican News, fev 2020).
Saber articular proteção ao meio ambiente, local de vida e relacionamento humano, com a produção e distribuição adequada de alimentos bem como desafiar a um consumo consciente de "coisas" são sintonias que todos nós devemos buscar.
Todas as falas tem seu valor neste "colóquio da preservação".
Na base estará sempre a necessidade da escuta fraterna das demandas humanas que se traduzem também no grito que ecoa dos seres sencientes e da degradada cobertura vegetal terrestre.

Nunca esteve tão atual o salmo 148, 7-13:

Louvem o Senhor, vocês que estão na terra, serpentes marinhas e todas as profundezas,
relâmpagos e granizo, neve e neblina, vendavais que cumprem o que ele determina,
todas as montanhas e colinas, árvores frutíferas e todos os cedros,
todos os animais selvagens e os rebanhos domésticos, todos os demais seres vivos e as aves,
reis da terra e todas as nações, todos os governantes e juízes da terra,
moços e moças, velhos e crianças.
Louvem todos o nome do Senhor, pois somente o seu nome é exaltado; a sua majestade está acima da terra e dos céus.­

15 maio 2020

As cortinas que se abrem para 2022.


A provocação de agora é sobre o afastamento imediato do "coiso". (inominado por respeito a mim mesmo). 
Nunca se viu tanta barbaridade em tão pouco tempo. Nem mesmo o genocídio do povo judeu na Europa do século XX teve tanta burrice junta. Certo é que esses movimentos contam com a aceitação popular. E daí nossa importância como agentes formadores de opinião e encaminhamentos. O movimento que faço é o seguinte:

1. Cenário 1 : enquanto o horizonte da administração pública for a do empresariado (capital) o usurpador será tolerado, independente do que diga e/ou faça.
1.1. É possível que, para maquiar o sentimento de justiça, algum de seus filhos seja sacrificado. Neste primeiro subcenário é possível que seus tresloucados humores encaminhem para a demência total e, então, nem a direita dura o aguentará. Assim, o "impichimam" pode ser a "solução" democrática e adequada para o Mourão que rezará segundo a oração inicial.
1.2. Insere-se aqui a figura, ainda difusa como protagonista, do marreco de Maringá. Talvez tenha as cartas, mas ainda não está no jogo. Ou sabe jogar mas as cartas ainda não são boas o suficiente.
1.3. Enquanto não se vislumbre o item 3. Mourão assume. (é a Constituição) Assumindo, temos outras variantes de cenários:
1.3.1. encaminha a administração de forma mais equilibrada que o anterior mas sem perder o foco para o qual foi colocado lá.
1.3.2. estabelece a participação ampla, geral e irrestrita dos militares no governo. Uma intervenção militar com as luzes de democracia. Mais ou menos como a República Democrática da China. Se pega o gosto, pavimenta a própria candidatura para 2022.

2. Cenário2: Com foco nas próximas eleições presidenciais, este tempo, sem a troca presidencial,  recebe a influência do "preparo" do candidato da trupe destra. O almofadinha paulista, o contido miliciado carioca ou o voz de taquara rachada (marreco) de Maringá, aliás, virtual candidato da Vênus Platinada. Neste caso, com o andar da carroça, o vice fica no lugar que está.
2.1. é indiscutível que a pandemia trouxe elementos ainda não analisado adequadamente como influência destes cenários. O que penso é que se deixarmos como está, vamos morrer muito mais até que o pouco, mas muito pouco mesmo, que ainda resta de sentimento humanitário desta turma os provoque para dar um rumo adequado à saúde pública. Mas pode ser muito tarde.

3. Cenário 3: E aqui é mais do que um  desejo. É uma proposta.
Todos os pensamentos alinhados com a democracia, de orientação de esquerda, e mesmo os do centro como o coroné do Ceará, unem-se pelo Brasil. Deixam de lado as disputas intestinais, ou as que circulam seus próprios umbigos. E se constroi um cenário robusto de enfrentamento deste projeto deletério da brasilidade, não só no discurso cansativo tão a gosto de liderança que se "empregam" como políticos, mas especialmente com propostas claras de reversão da destruição que já campeia.
Exemplos de altruismo temos de sobra. Vejamos o que o MST tem feito com a distribuição de alimentos
Por isso da importância de que se deixe de lado as picuinhas.
Deixemos de atacar expressões de parceiros ou parceiras focando num futuro em que possamos estar. Ou seja, se essa união não se efetiva, amargaremos mais um bom tempo como subalternos políticos.
Talvez isso acalente algumas personalidades que precisam de desgraças para existirem.
A primeira reforma é a que fazemos dentro de nós. É com disposição diferente que faremos a diferença. Tenho visto modelos empedernidos tentando mudar cenários. Acabam tornando-se bancos de praça, satisfeitos em acolher bundas que os sentam. 
Por vezes eu me sinto assim. Ninguém é mau por isso. A menos que saibam e se permitam.
Por isso escrevo.

13 março 2020

Amazonas

Sexta-feira 13!!
Minha oração pelo Papa Francisco vai como poesia. Por sua luta:

O Rio

Colossal, te conheço
das histórias que contam de teu leito.
da Pororoca e da canoa que te singra num abraço.
És vida e morte que se alternam.
Como é o fio que une a todos nós.
Mas não falam, nunca ouvi, que és também o filho amado
de muitas mães e muitos pais
Que te geram a cada instante
Com suas vidas, seu caudal
Madeira, Purus, Solimões
e tantas águas outras que se perdem na lembrança.
Teu desenhos são as veias que carregam nossa identidade.
A verdejante amada que te envolve, simbiose estupenda
que embala meu cantar.
Companheiro! Filho amado! Patriarca, nos sussurros de Neruda!
"a eternidade secreta das fecundações"
Os teus gritos escutamos e erguemos nossa bandeira:
"Não matem o Amazonas!" (Zé Antonio)

03 fevereiro 2020

Coronavirus e o controle do mercado da carne na China




ATENÇÃO! Respeitando a pluralidade de assuntos e opiniões, compartilho análises técnicas cruciais!!

Com relação ao publicado sobre China, doenças, celeridades, des e informações, incompetências, Brasil, cientistas políticos e infectologistas. Sobretudo sobre cálculos matemáticos de um "cientista político". Bem antes disso é necessário lembrar quer o universo a considerar, em se tratando de China, é de 1 bilhão e quinhentos milhões de pessoas. Vou repetir: 1,5 bilhão de pessoas!! 1/5 da população da terra!! Anualmente, conforme dados somente do governo chinês, morrem de 5 a 6 mil pessoas por conta do inverno rigoroso. Entre 1,5 bilhão de pessoas! Idosos, crianças, pessoas com debilidades diversas, etc. Logo, é imprescindível que olhemos para além da "propaganda" que está sendo feita. Repito: cuidado com a manipulação em escala global. É muito dinheiro envolvido. Assistam os dois vídeos a seguir para análise da influência do capital, inclusive na China, tão incensada por alguns, como exemplo a ser seguido. Só que não tanto.

Sobre o coronavirus....

https://youtu.be/9-5gxqFePN0 (a partir do 1min 45 seg)

 e suas ligações, nem tanto aleatórias...

https://youtu.be/B6PQ-uTNino


20 janeiro 2020

Dicas de compras na internet


10 Dicas de compras na internet (nacionais)

1. Verificar valores do produto compatíveis com o mercado. Preços muito defasados, é quase certo ser fraude.
2. Verificar valores de frete. Para mercadorias de maior volume, frete grátis ou de baixo valor é quase certo ser fraude.
3. Caso o site não ofereça o pagamento por cartão de crédito (ex.: só boleto, depósito em conta ou transferência bancária), é quase certo ser fraude.
4. Caso o site ofereça pagamento por cartão de crédito, faz a simulação. Se houver mensagem de erro continuada, encaminhando para outra forma de pagamento, é quase certo ser fraude.
5. Conferir CNPJ no site da Receita Federal. Muitas vezes até são válidos. Outras, mesmo válidos, o endereço não confere ou dá margem a não existir (ex.: shopping, condomínios). Neste caso, É CERTO QUE É FRAUDE!
6. Verificar erros crassos de Português.
7. Verificar consistência da busca de CEP da página da loja. Ou seja, se digitando o CEP, busca o teu endereço.
8. Verificar funcionamento do fone de SAC. Da telecompra. Do chat.
9. Verificar consistência da oferta com valor final da compra.
10. Para exemplo (não compra!!) verifica o site https://www.venturaclubshop.com/. É o exemplo padrão do que afirmo acima.

Para consultar a Receita:
 http://servicos.receita.fazenda.gov.br/Servicos/cnpjreva/Cnpjreva_Solicitacao.asp?cnpj=

Obs.: Para compras internacionais só faz com cartão de crédito, levando em conta valores de câmbio, quantidade mínima, custo do frete, valores de impostos e armazenamento nos Correios.

18 janeiro 2020

Ainda sobre maldades

Toda fala da direita conservadora e manipuladora precisa atacar alguém. Discutir o caráter de alguém é necessário muita intimidade com a pessoa e com seu universo particular. Senão, é pura especulação ou enorme má fé. O que está por trás dos ininterruptos ataques ao ex-presidente Lula e ao PT  é a jamais perdoada opção por beneficiar com políticas públicas o povão. Daí vem a mágoa insatisfeita. Por outro lado, meu comentário é como "chover no molhado" pois as consciências obliteradas pelo preconceito social são incapazes de gestos fraternos. E seguem a cartilha da imprensa da casa-grande.

17 janeiro 2020

Humor ou Desaforo?



Assisti o polêmico instrumento de sátira denominado "A primeira tentação de Cristo" do grupo Porta dos Fundos.

Para opinar sobre a polêmica é importante que fale sobre conceitos que orbitam ao assunto. 
O primeiro é sobre liberdade de expressão. Qualquer manifestação da inteligência humana deve ser respeitada. Desde que não vá contra o direito de outra pessoa. Ainda assim, cabe buscar uma mediação para quando houver dúvida sobre isso.
O segundo é sobre deboche. Sendo desconsideração, desprezo e escárnio - trata-se de diminuir a importância de assunto ou pessoa.https://dicionario.priberam.org/deboche [consultado em 17-01-2020] 
Neste caso, muito mais que direito à livre manifestação artística, fixa-se o deboche como mote da peça. E, assim sendo, beira à discriminação, à uma expressão de religiosidade, com a deturpação de personalidades, caráter e informações de cunho histórico e/ou de fé.
Antes que alguma pessoa purista em liberdades individuais me açoite, adianto. Em nenhum momento a condição sutil da homossexualidade do protagonista pode ou vai ser questionada como insulto. Antes. É da essência do cristianismo o acolhimento das pessoas periféricas. Portanto, não é essa questão que, aliás, tem sido a linguagem subliminar das ferocidades alardeadas por grupos radicais pseudo cristãos.
O que me choca é o deboche com valores particulares da fé cristã, especialmente a católica, no que se refere à inteligência (na verdade o mostram como um idiota) e inserção social de Jesus, com a postura devassa de sua mãe e a figura de um deus que se faz humano e tão lascivo quanto infere-se da característica dos autores.
Manifestar que a primeira tentação de Cristo tenha sido sua iniciação homossexual seria uma entre tantas tentações possíveis a um ser humano. Os Evangelhos elencam outras, dadas como mais importantes para a época e público.
Sim, porque Jesus assumiu totalmente sua humanidade. E foi assassinado por isso.
E continua sendo hoje na carne e sangue dos povos perseguidos e massacrados. Das mulheres violentadas. Do povo negro ainda escravizado. Dos "leprosos" LGTI. Dos povos das matas.
E mais, na deturpação de sua mensagem (que aliás nada foi dito), especialmente por aquelas pessoas que, em seu nome, repetem as ações dos fariseus, da inquisição, dos nazistas, dos neo-fascistas que fazem dos pastores da teologia da prosperidade, seus ideólogos, que só vêem o próprio umbigo.
Não vejo na censura, como foi tramada, algo de bom. Ela dá margem a que se faça discriminações. Creio numa ação firme de reparação de danos pelo desrespeito gratuito e mentiroso.
Por outro lado entristece-me que setores progressistas fiquem cegos e mudos aos aspectos do respeito à diversidade, tão caros em suas manifestações.
Para ver que a hipocrisia é um mal que todos podemos contrair.

03 janeiro 2020

Partes de Deus

Usufruindo da presença constante da família, em férias, provoco-me:


Um friozinho me faz recordar Curitiba, mas os ciprestes fazendo reverência ao vento, testemunham estar na Província de São Pedro.
Na linha do horizonte, iluminada pela manhã sem nuvens, o sol encabulado mostra nos campos verdes o movimento suave dos animais que me trazem a oportunidade de avançar na leitura. Anotações vão transformando isso em estudo. E compartilhar se torna imperativo.
Não tenho a pretensão de assumir um lugar que não é meu. Antes, reconhecer que tudo o que existe tem sua importância na construção ou gestação de um mundo mais amoroso.
E que, absolutamente, toda ação humana é parte de tudo. Cabe a nós integrá-las.
Entre tantas que desejei ter em comum, separei uma que mais ou menos traduz os pequenos desafios das últimas leituras, um pouco de nossas lutas eclesiais e políticas e de nossas ânsias por um mundo melhor.
Do livro “Deus em nós - O reinado que acontece no amor solidário aos pobres” - Hugo Assmann e Jung Mo Sung, Paulus, 2010, pg 179/180:
“Deus está “inteiro” mesmo nas “pequenas” relações humanas onde acontece o amor solidário possível dentro das contradições e ambiguidades da condição humana e da história. 
Uma ação  solidária que envolve muita gente não contém ou não faz acontecer mais a presença de Deus do que uma relação sujeito-sujeito, onde estão envolvidas duas ou pouco mais pessoas. Isso porque a plenitude possível do reinado de Deus acontece nas vivências  sempre fragmentárias e relativas de amor e solidariedade, sem se importar se são poucos ou muitos, ou se são ações pequenas ou grandes. Mas, ao mesmo tempo, nenhuma delas é  capaz de conter o Espírito plenamente.”


Contextualizando a leitura, Sung refletia a partir dos escritos de S. Agostinho, no livro Confissões, livro I, “Deus está  em todas as coisas e nenhuma o contém”. E, perguntava: “Mas há  em ti partes maiores e partes menores? Ou estás inteiro em toda a parte, e nada existe que te contenha inteiramente?”


Luzes e paz!

19 dezembro 2019

Recuerdos e esperanças



O Advento, como tempo litúrgico da Igreja, é tempo de aguardo, de espera, com o perdão da repetição, esperançosa.

Nestes dias que antecedem a  festa do nascimento de Jesus, tenho trabalhado meu coração para celebrar e, ao mesmo tempo, amadurecer sentimentos e esperanças. Especialmente em relação às perdas das presenças humanas no curso deste ano. Meu pai e minha sogra.

Das tristezas compreensíveis daqueles momentos sou brindado, ao olhar para o passado, em ter plena consciência de que, muito além da falta física, está a enorme presença em tudo que sou e faço. Justamente porque fui, construí e celebrei, junto com eles.
Mesmo nos momentos de desacordo, de desvios conceituais, de impaciências, lá estava a oportunidade de amadurecer nossos sentimentos.

E especialmente eu que tantos altos e baixos os proporcionei. 

Esse olhar fraterno, inclusive para nossas próprias ações, é motor de possível esperança e  de re-construção. (Faço este recorte na palavra para reforçar seu duplo sentido).
Ora, como disse, somos fruto de tudo quanto preencheu nossas vidas. Tirar algo ou relegar ao esquecimento, muda o que somos. E quanto ousamos arriscar?

Logo, não se trata aqui de aceitação, pura e simples. Mas de perdão, integração, reconstrução. Isso se torna possível quando admito ser pequeno. Mas enorme nos sentimentos.

Da metáfora do olhar um copo com água até a metade, pensamos: está meio cheio ou meio vazio? 

Para provocar, digo que a perspectiva pessimista está em ver somente o que falta ao copo. Ou a nós. Ou ao que vivo. Ou ao que e como sofro.
Por outro lado, com viés celebrativo, construtivo, integrador, está o olhar esperançoso de que o copo está quase cheio.

Viver é descobrir a cada momento uma razão de continuar.
Viver feliz então é olhar esperançoso à frente, construir agora as relações necessárias e acolher o passado como provocador desta caminhada.

Obrigado pai, por eu ter podido caminhar contigo parte de minha vida. Obrigado minha sogra por ter sido mãe da mãe de meus filhos.

Celebro suas memórias. Rezo por suas almas. 

Quero ser hoje uma pessoa melhor que a de ontem.

Só assim posso desejar um Feliz Natal.